sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Quem acode às peixeiras?...


A venda de peixe, para 14 dos 18 vendedores, foi retomada no piso de cima do Mercado do Bom Sucesso no dia 19 de Agosto.
'Existem 18 vendedores de peixe no mercado. Ultimamente só 17 têm exercido a sua actividade, mas 14, que vendem peixe fresco, vão ser recolocados no piso superior, onde trabalharão com toda a normalidade', afirmou o vereador das Actividades Económicas da Câmara do Porto, Manuel Sampaio Pimentel, garantindo que para os restantes quatro, que vendem peixe congelado, será encontrada uma solução em breve.
Entendendo que as condições não serão as melhores, Sampaio Pimentel anunciou também que vai levar à próxima reunião do executivo camarário uma proposta para isenção de renda até ao final do ano.
O vereador chegou ao mercado às 6h45, altura em que apresentou estas soluções aos comerciantes de peixe, que ontem não puderam exercer a sua actividade, por ordem da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE).
No âmbito de uma fiscalização realizada no espaço há um mês, a ASAE concluiu que 'não estão reunidas as condições mínimas do ponto de vista higio-sanitário e funcional para o exercício da actividade de venda de produtos da pesca naquele local'.
Analisado o relatório, os técnicos da autarquia 'dizem que o que o documento refere não corresponde à realidade', apontou Sampaio Pimentel, garantindo que a Câmara vai 'contestar as condições de higiene'.
Quanto à necessária realização de obras no local, o vereador disse que 'tudo está em aberto', lembrando que está a decorrer um concurso público internacional para a concessão do Bom Sucesso, pois a 'Câmara não tem capacidade para reabilitar o mercado', Mas, para Sampaio Pimentel, 'toda esta instabilidade é negativa e pode prejudicar o concurso'.
'Que na ASAE rareia o bom senso, já se sabia, agora era o que faltava que funcionasse como travão do desenvolvimento económico', concluiu.
Também no local esteve o presidente da Junta de Massarelos, José Carlos Gonçalves, que elogiou a postura da Câmara: 'Fechar o mercado era uma solução absurda, por isso considero que a Câmara Municipal encontrou uma solução rápida, mas provisória, que acaba por ser a melhor para minorar este problema'.
Quanto ao concurso para reabilitação do mercado, o autarca garantiu que a Junta 'está de acordo', e tem 'como única preocupação que seja preservado o mercado de frescos e os comerciantes'.

Misto de resignação e indignação

O Mercado do Bom Sucesso abriu, como previsto, às 7h00, contrastando a tranquilidade dos vendedores dos dois pisos superiores com o misto de resignação e indignação dos comerciantes de peixe. De falta de higiene no piso inferior é que ninguém queria ouvir falar…
'Acham que isto não está limpo? Está limpo!', reclamava Maria dos Anjos Martins, uma das vendedoras de peixe menos conformadas com as conclusões do relatório da ASAE.
Há um mês, aquando da inspecção, algumas peixeiras esconderam à pressa o peixe, mas Maria dos Anjos garantiu que foi apenas 'por falta de talões',
'Não foi por falta de higiene. Facilitámos e sabíamos que, sem talões, nos apreendiam o peixe, por isso algumas o esconderam. Não foi por falta de higiene, foi para não sermos multadas e esse não foi o motivo desta decisão', disse a vendedora.
Quanto à ocupação do espaço no piso superior, Maria dos Anjos é peremptória: 'Vai dar para resolver durante algum tempo. Este é o meu pão e mais vale lá em cima do que na rua'.
Opinião partilhada por Maria Emília Silva, que, apesar de resignada, mostrou-se 'pouco satisfeita', com a mudança. 'Vamos vender lá em cima, mas não muito satisfeitas, pois não é como aqui', apontou.
No andar mais acima, o talhante Domingos Pereira compreende as peixeiras e considera que esta é 'uma situação complicada para todos'. 'A fiscalização da ASAE foi exagerada e prepotente', apontou.

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