sexta-feira, 12 de setembro de 2008

De onde vimos????.....


Admirável mundo novo para descobrir

'Um grande dia para a ciência'. É desta forma que o professor catedrático da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), Carlos Fiolhais, define a entrada em funcionamento do Grande Acelerador de Hadrões (LHC).
'É uma etapa nova que começa, um novo instrumento que nos pode colocar perante um mundo novo, que pode responder a questões que interessam a todos, como que partículas constituem o universo, as forças que unem os blocos, de onde vimos e para onde vamos', aponta o cientista.
Carlos Fiolhais lembra que 'não se sabe bem o que se vai encontrar', mas considera que certamente 'ficaremos a saber se há falhas no que já se conhece e substituí-las ou completá-las com novas informações'.
'O túnel já estava feito, perto de Genebra, tem 27 quilómetros de diâmetro e vai até 100 metros abaixo do solo, no qual são injectadas partículas, chamadas protões, que são aceleradas por grandes ímanes. Essas partículas circulam quase à velocidade da luz em dois feixes, um para cada lado, e, quando chocam, produzem uma grande concentração de energia. Isso permitirá imitar o que aconteceu no início do Universo', diz o físico.
Como em tudo que é novo, aparecem sempre opiniões contraditórias, mas Carlos Fiolhais desvaloriza críticas não fundamentadas: 'É natural que, nestas alturas, surjam pessoas que nada sabem do assunto e que dizem coisas, que pode haver o perigo de criar um buraco negro, mas isso é infundado. Há quem aproveite estas grandes ocasiões para misturar as coisas. Mas, desde o tempo de Galileu que religião e ciência estão separadas'.
O professor ironiza mesmo a questão, garantido que, nesta experiência, 'não se vai encontrar Deus ': 'Os cientistas estão unidos na procura de compreender o universo em que habitam, que é único, mas obedece a leis. Hoje podemos responder a perguntas não especulando, mas perguntando à natureza, efectuando experiências',
Carlos Fiolhais lembra ainda importância da participação de Portugal nesta experiência, que mostra que o País está 'bem integrado na comunidade científica mundial', e que os cientistas lusos 'têm prestígio lá fora'.

À espera do inesperado

Os primeiros resultados da experiência iniciada ontem em Genebra 'serão encontrados, talvez, daqui a um ano', aponta Carlos Fiolhais, apesar de estar seguro que 'este já é o «Big Bang» da ciência, da produção científica', 'A forma como se vão trabalhar os dados no computador, um esforço à escala mundial, pode vir a ser útil. Exemplo disso, graças ao mesmo túnel, há 15 anos, quando foi usado com energias menores, foi criada a world wide web, que hoje toda a gente usa. Pode ser que, agora, o esforço para trabalhar os dados, que vai obrigar à utilização de novas técnicas, traga benefícios, não só teóricos como práticos. A História ensina que aplicações vêm de onde menos se espera. Por isso, estamos à espera do inesperado', conclui o cientista.

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