segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

«O Maquinista» nas lojas


Disco para desfrutar "ecos de memória"

«O Maquinista», a primeira aventura a solo de João Branco Kyron, vocalista e letrista dos Hipnótica, chegou hoje às lojas. Assente na importância da palavra falada, intimista e sofisticado, é, segundo o autor, um disco "para se desfrutar".
João Branco Kyron conta que «O Maquinista» "não foi um trabalho premeditado": "Primeiro, voltei a escrever alguns textos em português e pequenas histórias ficcionadas, que é algo que já não fazia há algum tempo. Depois comecei a gravar algumas vozes e foi quando percebi que existia espaço e, sobretudo, ambiente para o surgimento da música".
Foi a partir de esse momento que o músico e compositor mergulhou "num processo bastante intenso, mas excitante, em que a voz, os textos e a musica foram tomando forma".
Em «O Maquinista», João Branco Kyron tentou "criar espaços na música que remetessem para um ambiente onírico, espaços, silêncios, climas de tensão, sons distantes como se fossem ecos da memória".
Esses fragmentos têm, no entanto, uma ideia que as liga: "Há algumas sequências que remetem para um tema comum como é o caso da Trilogia de Lisboa. Aliás, as referências à vivência em Lisboa sucedem-se sem, contudo, ser o tema central. Penso há uma essência no disco que funciona como fio condutor e que se nota nos ambientes musicais, mas também na forma como os momentos e as personagens são relatadas".
Salientando que «O Maquinista» é "um disco para se desfrutar", João Branco Kyron acrescenta que "não é muito compatível com o ritmo alucinante do dia a dia, não serve de «música de fundo», sendo preciso que haja mesmo disponibilidade para ouvir, seja em casa ou numa viagem".
Este álbum é, sem dúvida, original, muito distinto do trabalho dos Hipnótica. O músico garante, no entanto, que não sentiu necessidade de se distanciar de outros projectos: "Não propriamente. Acho que foi isso acabou por acontecer naturalmente. Sendo um projecto de palavras faladas em português distanciou-se logo à partida dos Hipnótica, mas existem alguns pontos de contacto na componente musical".
A forma como «O Maquinista» vai ser recebido pelo público português poderá ser uma incógnita, mas João Branco Kyron apenas está preocupado "em transmitir afinidade ao ouvinte".
"Espero que o que o disco passe percursos e experiências semelhantes que se cruzam, entre «O Maquinista» e as pessoas que o ouvem, num resultado que possa ser refrescante e surpreendente. Acho que existe um potencial grande para um projecto com estas características, mas que, infelizmente, não tem sido muito explorado em Portugal, salvo raras excepções. Espero que as pessoas comprem o disco, espalhem a palavra, ofereçam aos amigos e que depois me contactem e contem as suas experiências de audição do disco", revelou.
Kyron é responsável pela música, voz e textos, bem como misturas e masterização do álbum. Pelo caminho, porém, contou com a colaboração de outros artistas: "Na componente musical, tive a colaboração de dois «hipnóticos», aliás, tive bastante apoio de todos para avançar com o projecto. Nas misturas e masterização tive a ajuda do Artur David. Mais tarde juntaram-se ao projecto artistas que convidei, e que, inspirados nos textos, criaram peças originais e exclusivas que acompanham o CD. A fotógrafa Lois Gray, o ilustrador Pedro Gundar e o designer 0.7.d criaram quatro peças cada um, que são distribuídas por quatro séries, numa edição limitada a 1000 exemplares. É um objecto coleccionável, que tenta resgatar o gosto de possuir a peça, mesmo numa era em que tudo está a ser desmaterializado".