sexta-feira, 12 de setembro de 2008

«Feminine»


O olhar do poeta Fernando Pessoa sobre a mulher é retratado na peça «Feminine», a mais recente criação do coreógrafo Paulo Ribeiro, que teve estreia absoluta no Teatro Nacional de S. João.
Depois de, em Setembro de 2007, ter levado à cena «Masculine», colocando em palco quatro bailarinos, a companhia de Paulo Ribeiro dá seguimento ao projecto com «Feminine», um espectáculo em que o imaginário do poeta é explorado por cinco mulheres: a actriz Margarida Gonçalves e as bailarinas Elisabeth Lambeck, Erika Guastamacchia, Leonor Keil e São Castro.
'A forma como Fernando Pessoa olha para a mulher não é muito comum, nem das mais simpáticas, mas não me compete a mim fazer qualquer juízo de valor, porque, em Pessoa, tudo pode ser sinónimo de ironia e desconstrução', diz o coreógrafo Paulo Ribeiro.
«Feminine», em contraposição com a peça «Masculine», é, para o também director do Teatro Viriato, em Viseu, 'mais luminosa, sofisticada e feminina', Mas ainda assim, garante, 'não há nenhum estereótipo de mulher nesta peça'.
'Estas mulheres são mulheres de corpo inteiro, no sentido em que são seres universais. A forma como Pessoa olha para a mulher é com alguma distância. No fundo, é fruto da época e de uma pessoa solitária e que, talvez, tivesse em relação à mulher mais fantasmas do que realmente convívio', explica.
Num espectáculo com música original de Nuno Botelho, com excepção de «Torture Never Stops», de Zappa, o coreógrafo nota também que, em relação a «Masculine», foi conseguida 'uma peça muito mais depurada em termos estéticos'.
'Esta peça tem um trabalho fantástico de Ana Luena, nos figurinos. No «Masculine» não havia sofisticação nenhuma, aqui a imagem é muito cuidada e tratada. As luzes do Nuno Meira são fantásticas, como sempre, mas com ele trabalho há sete anos. Há um brilho muito grande nesta peça, um lado plástico muito forte e muito reconfortante. Acho que é daquelas peças em que nos sentimos bem e conciliados com o que vemos', conclui.

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